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terça-feira, 7 de outubro de 2014

MINHA RIVAL




MINHA RIVAL 
Ysolda Cabral 


Da cor marfim enluarada,
em louça lisa e aveludada,
minha rival a todos encantava, 
enquanto, indiferente a toda gente,
ia sendo desnudada.

Fiquei ali parada, indignada! 
O meu amado, arfante, se encantava
por uma perfeita desavergonhada!
Chamei-lhe a atenção e fui ignorada.

Comecei a me descabelar... 
Cheguei a chorar de tanta raiva, 
mas o meu amado nem ligava! 
Fiquei muito, muito decepcionada...

Sai dali correndo, feito louca desgovernada, 
até que, de mim bem perto, escutei uma risada...
Era ele, que divertido me perguntava
se era normal sentir ciúmes assim
por um mudo, mouco e cego manequim.

Aliviou-me o coração.
Não é que ele tinha razão?