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segunda-feira, 31 de março de 2014

HELZINHO E AMADA



HELZINHO E AMADA
Ysolda Cabral


O sábado amanheceu lindo, perfeito para fazer um programa diferente com a namorada... Animado, cheio de planos e muito feliz, Helzinho, deu um pulo da cama, pegou o celular e ligou para Amada:

- Prepare-se, rápido! Vamos pescar! Chego aí em 20 minutos.

Preguiçosa e sonolenta, Amada ficou na dúvida se Helzinho havia mesmo ligado ou se ainda estava dormindo, sonhando... 

Logo se pôs a cismar daquela novidade: pescar. Pescar?! Continuou na dúvida se sonho, se realidade ou se toparia o convite...

Pouco depois chegou o "pescador", cheiroso como ele só, fazendo o coração da namorada ter certeza de que por aquele gato faria qualquer coisa. Bem, nem tudo!...

- Estás pronta?
- Deixa só eu botar um maiô. Pode ser que dê n'água... - Sorriu sozinha da própria piada. Helzinho só tinha olhos para a vara e a caixa de iscas em seu colo. Varei!

Não sei dizer em que mar se deu a pescaria. O que sei é que logo após o primeiro lance, passado nem um minuto, um peixe foi fisgado pelo anzol de Helzinho, envergando a vara e lhe rasgando o grito:

- Eita, que peguei o bicho! E é dos grandes, minha amada! Agora vai ser com você!

Um alarme foi acionado na cabeça de Amada, que dormia, tranquila, sossegada, sonhando uma suculenta garoupa degustada à beira-mar, em um bar na praia de Candeias. Correndo as contas, considerou: "Tratar de peixe, fedido que nem ele só, tirar-lhe as escamas, abrir-lhe a barriga e limpar aquilo tudo? Depois temperar e por no fogo pro almoço?! Nem morta! Preciso acordar!É um pesadelo!".

E quando Helzinho, depois de muita luta, conseguiu finalmente cansar o enorme peixe e trazê-lo à superfície, nem sinal de Amada no barquinho de pesca.

Triste e decepcionado devolveu o peixe pra água, quebrou o anzol e nunca mais quis saber de pescaria nenhuma.

Hoje, depois de muitas brigas e desentendimentos, quando ele quer comer peixe leva a namorada para um bom restaurante e que não tenha cheiro de peixe fresco.

- Quem mandou ensinar Amada o nado de longa distância! 

E uma vez que foi assim, entrou pela perna do pinto e saiu pela do pato. Seu rei mandou dizer que... Mandou dizer o que mesmo? Não lembro mais! Hahahahahahaha

ONDE ESTOU





Tentando seguir os passos do meu Poeta preferido...

ONDE ESTOU
Ysolda Cabral

Onde estou?
Estou num espaço vazio...
Vazio sem som.
Às vezes, até bom!
Há luz e muito amor...

Como pode?
- Alguém pergunta.
Eu respondo:
Pergunta ao amor!

Onde estou?
Estou num espaço fechado,
pequeno, escuro, pesado,
jamais imaginado,
ilhado, molhado de dor...

É assim que estou!
- Alguém pergunta:
Quem?
Eu respondo:
Eu!
Que hoje sou apenas dor...

Onde estou?
Estou sozinha...
Sozinha com amor?
Como pode ser assim?
- Alguém pergunta.
Eu respondo:
É assim que hoje sou!

Onde estou?
Estou sofrendo, chorando,
perdendo cada restinho de vida
que nem vi, mas já passou...

Praia de Candeias-PE
Em 29.03.2014
ysolda

SORRISO NUNCA MAIS






SORRISO NUNCA MAIS
Ysolda Cabral


O sorriso não sorrir mais.
Entristeceu, desapareceu
num céu de estrelas sem brilho,
pra chorar lágrimas sentidas,
pelo beijo de amor que nunca deu.

O sorriso, sem motivo pra sorrir,
se juntou ao nunca mais.
Se sorrirá outra vez?
Não. Nunca! Jamais.
O amor lhe enganou, lhe fez sofrer.

Levou-lhe os sonhos mais bonitos,
deixou-lhe versos lindos, mas doridos
pela dúvida quanto à sua inspiração...

Ah, sorriso que vem do coração!
És tão franco e tão tolo!
Quem mandou sorrires pra versos
lindos, perfeitos, de português erudito,
se eles não nasceram pra ser teus?

*****
Praia de Candeias - PE
Em reedição
18/03/2014

*****

sexta-feira, 28 de março de 2014

ENTRE NORTE E SUL




ENTRE NORTE E SUL

Ysolda Cabral




Lá chove forte...
Perdi completamente o norte! 
Aqui o Sol fere a terra...
Nas placas tectônicas não há setas.

As suposições são vastas...
No peito a dor alarga!
Aquieto-me a espera da sorte...
A angustia é de morte.

Estou no Norte...
Tenho que ir para o Sul onde chove!
Aqui o Sol não fere só a terra...
A hora é incerta!

Há felicidade. Adote
E a tenha como meta!
Eu, que não tenho dote,
Sei que nada resta...

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Recife-PE
Em 27.03.2014
Ysolda


quarta-feira, 26 de março de 2014

TRÂNSITO - JUSTIÇA SEJA FEITA




TRÂNSITO – JUSTIÇA SEJA FEITA
Ysolda Cabral



Andei escrevendo várias matérias sobre o caos que é o trânsito no Recife, principalmente quando a Prefeitura da Cidade resolveu colocar nas ruas ''guardinhas'' de trânsito. Meu Deus, que confusão eles faziam! E os apitos? Pense num inferno sonoro! Eu chegava no trabalho azoretada, atordoada, com a cabeça ecoando apitos ensurdecedores. Passei a deixar o carro em casa e apelei para o transporte público, pra ver se diminuia o meu estresse, fato que me rendeu maravilhosas crônicas de situações vivenciadas no trajeto, casa/trabalho/casa.

Entretanto, comecei a perceber a diminuição dos apitos e dos congestionamentos. Voltei a usar o carro. Claro que o trânsito continuava lento em horários de pico, e ainda continua. Porém, a verdade é que os ''guardinhas'' estão fazendo um excelente trabalho e está a prefeitura de parabéns.

Hoje, por exemplo, saí de Candeias um tantinho atrasada e, se não fosse pela moça casadoira que transitava a pé pela avenida, em ritmo cadenciado - ela pra um lado e o bum-bum pra outro - fazendo o ''guardinha'' esquecer completamente o ofício, eu teria chegado na hora.

Não o culpo, de jeito e maneira! A garota é que não devia desfilar, tão cedo da manhã, com tão manhosos maneios. Que coisa!

Recife-PE
Sem estresse
Em 25.03.2014


terça-feira, 11 de março de 2014

NACOS DE VIDA



NACOS DE VIDA
Ysolda Cabral

No caderno diário...
Folhas poucas e quase acabado;
flores secas, notas de feiras,
lembretes precários, esquecidos,
poesias mal feitas...

No caderno diário...
Alegrias,tristezas,
decepções e desenganos.
Saudades de coisas que nunca vivi!
Tudo eu vou anotando...

No meu caderno diário...
Provas, laços, traços, nacos
de vida registrados...
Menos o meu amor por você
cada vez mais agigantado.

No meu caderno diário...
Hoje é domingo,
sem você estou indo,
por artimanha do destino.
O que hei de fazer?

*****
Praia de Candeias - PE
Em 09.03.2014
ysolda 

sábado, 8 de março de 2014

A MULHER E O IMPLACÁVEL TEMPO

                          


A MULHER E O IMPLACÁVEL TEMPO

Ysolda Cabral




Dia quente, vento ausente, calor infernal! Não há cristão que aguente. O próprio dia me parece entregue à indolência por pura indiferença, impotência ou precaução. Tudo parece parado, exceto o tempo que escorre em minhas mãos...

O dia e eu estamos em perfeita harmonia e, em sendo assim, aproveito o nosso estado peculiar de indolência para deixar que o pensamento me leve para qualquer tempo ou lugar...

Estou menina, na rede, sem balançar, no terraço de minha casa lá no “País de Caruaru.” Mas, estou chorando... Estou sofrendo... Tudo por achar que sentem dores as nuvens, em forma de carneirinhos de algodão, que vejo cairem sobre as montanhas, bem à minha frente na linha do horizonte. - Desde sempre sofri com hipóteses...

A sensibilidade à flor da pele fez de mim uma garota muito sozinha. Contudo, não me fez covarde e nem medrosa. Muito pelo contrário! 

Hoje, ao ver o tempo escorrer em minhas mãos, fico dando risada ao verificar que o enganei e ele nem sabe!

Pois não é que continuo a mesma menina que adora olhar as nuvens caírem, em dias assim e sobre qualquer lugar em que eu esteja! A diferença é que hoje sei que elas não sofrem, não sentem dores, por vezes fazem sofrer aqueles que não respeitam a Mãe Natureza... - Afinal, Ela é mulher!

Pelo DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 08 de março - saúdo a Mãe Natureza e a todas as mulheres sonhadoras, de fibra, e que não estão nem aí para o implacável Tempo!