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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

LEDO ENGANO






LEDO ENGANO
Ysolda Cabral


Para não sofrer tanto,
Com bastante cuidado,
Fui apagando uma a uma,
As marcas do nosso passado.

Comecei rasgando cartas,
E cada uma que eu rasgava,
Outra aparecia mais apaixonada.
Mas eu não me intimidava!

Rasguei todas, uma a uma...
Não deixei nenhuma pra contar história!
Respirando aliviada e satisfeita,
Comecei a destruir os poemas.

Depois vieram os discos, os livros.
Até as revistas de Walt Disney,
Que líamos juntos dando risada,
Nas tardes de sábados e domingos.
Decidida botei tudo no lixo.

Por incrível que pareça,
Tive pena de botar na fogueira,
Os almanaques do Recruta Zero.
Achava ele o máximo da cabeça fresca!
Até hoje me arrependo da asneira.

No final de tanto trabalho,
Achando ter tudo acertado,
Lembrei que estava com quinze anos,
E o meu mundo eu já tinha acabado.

Ledo engano!
Ele apenas havia começado.


Candeias-PE
Em 03.01.2014
Clima de recordações 


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Recanto das Letras em 03/01/2014
Código do texto: T4634747 
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