Translate

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

COISAS QUE NÃO SE EXPLICAM



COISAS QUE NÃO SE EXPLICAM
Ysolda Cabral 


Quem quiser que não credite, mas aconteceu comigo e vou contar:

Hoje acordei bem disposta, depois de oito horas de um sono tranqüilo. De café da manhã; soneto e flores que me deixaram como que flutuando no ar.

- Como é bom estar apaixonada!  Tudo fica mais bonito, mais completo... Tudo tem sentido.

Banho tomado, roupas e sapatos confortáveis posto que, o ortopedista recomendou prudência com a região lombar e com os tendões de Aquiles. Uma colônia suave; protetor solar, um pouco de brilho nos lábios e estava pronta para o trabalho.

Nem o trânsito intenso das sete da manhã me tirou o estado de graça e de felicidade... Tudo estava bem, muito bem e eu me sentia amada, bonita e  feliz.

A manhã decorreu sem grandes atropelos.

Na saída para o almoço, senti um calafrio quando o porteiro me disse para ter cuidado ao atravessar a avenida, como diz todo santo dia. Eu sorrio e agradeço sem me alterar.

O sinal fechou, atravessei a avenida e logo estava no restaurante, porém já sem fome e sem disposição. Almocei e retornei mais cansada que antes e por pouco não caí de cara no chão na calçada, ao tropeçar no nada.

Levei um encontrão, que quase me arrancou o braço e por pouco não fui atropelada por um motociclista.

Quando cheguei de volta  à minha sala, não tive disposição de ir ao toalete escovar os dentes. Deixei-me cair numa cadeira, como se tivesse um fardo nas costa de grande peso. Comecei a bocejar; lacrimejar e a não sentir o braço. Minha amiga e colega de trabalho Belinha - Arlete Bello, 82 anos de sabedoria, disposição, saúde e lucidez - percebeu que eu não estava bem.

De repente senti que um sono incontrolável iria me derrubar da cadeira.

Pensei em Deus e rezei, rezei com fé, muita fé.  Voltei a me sentir bem.


**********


RL  em 17/12/2012
Código do texto: T4040407
Classificação de conteúdo: seguro