A PRUDÊNCIA RECOMENDA...
Ysolda Cabral
Sábado à noite... Sábado estranho que nem parece
sábado. Sem embalo, sem acalanto. Não há
estrelas e nem Lua. O Céu é uma camada densa, escura... O mar parece paralisado
de tanta tristeza. No ar não há encanto e nem magia. No peito um enorme vazio. Alguma coisa me
incomoda; machuca-me; desencanta-me; falta-me e me amedronta. Que coisa
estranha, esquisita... Uma coisa medonha.
Agora já é madrugada... De um domingo! Nunca gostei de
domingo... Preciso ter cuidado, muito cuidado para não ficar ainda mais triste
comigo. Meu coração está gelado e o silêncio chega a incomodar a música que
escuto.
Penso em você e mergulho ainda mais na tristeza, mesmo tendo
o coração repleto de amor. Amor que deve ser definitivamente banido, sob pena
de me matar de tanto amar. Como pode um sentimento assim, tão potente e
sublime, só trazer desencanto?
Estou com sono, estou cansada, estou magoada, estou
decepcionada... Comigo. Não sou nada! Nem capaz de amar você, como você merece.
Estou vendo a vida tão realista. Tão avessa; tão feia e tão
sem poesia! Para uma pretensa poetisa isso é o fim da picada. O fim da linha do
começo da partida que nunca iria mesmo acontecer.
Não posso dormir agora. De jeito algum!
Se dormir, corro o risco de sonhar com você, um sonho lindo
por demais, e nunca mais acordar.
É preciso que eu fique acordada.
Preciso ficar acordada e sem pensar em você.
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RL em 16/12/2012
Reeditado em 16/12/2012
Código do texto: T4038120
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