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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

ATELIÊ DO POETA



ATELIÊ DO POETA
De: Ysolda Cabral 


Excessivamente trágico e belo,
o poeta sem vacilação se desnuda, 
tal qual um paciente sem cura,  
se prepara pra compor outra veste. 

Com fios de versos desesperados tece 
o  que lhe servirá de mortalha. 
O molde recorta com navalha,
e, costura bordando rosas pra ela.

Faz uma pausa... Se sente sozinho.
Da mulher amada... Pensa um carinho.
Saudade, lágrima e desalinho.

O ataúde num canto não é quimera.
Para lá se dirige o olhar do poeta, 
e, conclui: há vida aqui.  Ele espera!


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Publicado no Recanto das Letras em 16/08/2012
Código do texto: T3833386